O que mais surpreende neste livro, é a forma desconcertante dos cinco narradores, cada um com os seus sonhos e perspectivas. Vamos conhecer Fatma, personagem conservadora de 90 anos, viúva de Selahattine Darvinoglu, médico idealista, que a um tempo representa a ciência e o seu lado luminoso, o conservadorismo da sociedade turca da época e a sua vontade de revolucionar o Oriente; vamos conhecer Redjep, anão, filho ilegítimo de Selahattine, empregado da viúva; Faruk, professor de história e amigo da bebida, tal como o pai e avô; Vamos conhecer Metine e o sonho de enriquecer na América; Hassan, que foge ao estudo para participar num grupo fascista que combate os comunistas. À volta desta cinco pessoas, outras personagens aparecem, gente que completa o puzzle de usos e costumes turcos, de conflitos familiares, de distinção de maneiras, de choques religiosos, de perspectivas de vida!
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Numa mansão decadente de uma vila de pescadores na costa da Turquia, a viúva Fatma espera pela visita anual de seus netos: Faruk, um historiador disperso; sua irmã sensível e esquerdista, Nilgün; e Metin, um colegial deslumbrado que sonha conquistar o mesmo padrão de consumo de seus colegas abastados e ir morar nos Estados Unidos.
Acamada, Fatma é assistida pelo sempre solícito Recep, um anão – e filho ilegítimo de seu falecido marido. Ambos dividem memórias – e dores – do passado. Mas a chegada do sobrinho de Recep, Hasan, um inveterado nacionalista de direita, ameaça jogar a família no cataclismo político que emerge da longa batalha da Turquia em busca da modernidade.
Publicado pela primeira vez no início dos anos 1980, o romance reflete a turbulência política do país, governado entre 1980 e 1983 pelas Forças Armadas, e naquele momento peça decisiva no tabuleiro da Guerra Fria, tema que atravessa a narrativa de ponta a ponta.
Repleto de passagens comoventes, hilariantes e por vezes amedrontadoras, "A Casa do Silêncio" pulsa com o entusiasmo próprio de um trabalho de juventude, ao mesmo tempo em que traz provas evidentes do talento e maturidade que anos mais tarde seriam reconhecidos em todo o mundo e valeriam a Pamuk o prémio Nobel.