Tragédia na praia.

Um casalinho e um cão. Ele, estudante de medicina, ela, a cursar jornalismo. Ninguém os viu o tempo todo. Um desportista que todos os dias corre uma hora na praia observou-os a jogarem ao disco. «Atiravam-no um ao outro mas nem sempre o agarravam. O cão, um lobo de Alsácia ainda pequeno, apanhava-o e fugia, obrigando-os a irem atrás dele. Foi tudo quanto vi», disse, quando a polícia o interrogou. Uma senhora reformada com rugas muito vincadas afirmou que os vira deitados na toalha «tão agarradinhos que fiquei na dúvida se não estariam a...», e pôs as mãos à boca, como se se estivesse a impedir de dizer o que lhe ia na cabeça. «Foi ela que mergulhou primeiro, a corrente começou a puxá-la... e ela começou a gritar, a gritar, a gritar... Ele atirou-se à água mas foi logo arrastado... Não havia ninguém para ajudar, era eu a gritar de um lado e o cão a ladrar do outro», disse, para logo a seguir mostrar ao funcionário da Protecção Civil e à polícia o local onde se encontravam as roupas e os sacos dos jovens.

O mar ainda rugia quando apareceu uma lancha com uma equipa de mergulhadores. O cão já não ladrava, gania. Por volta das vinte horas, já o crepúsculo se começara a instalar, apareceu o corpo da rapariga. Uma multidão rodeou a infeliz. A reformada, especada no local, repetia pela enésima vez tudo o que vira.

A equipa de mergulhadores voltou ao local no dia seguinte mas sem qualquer resultado. Três dias depois, a uma distância considerável da praia onde tudo aconteceu, os pescadores deram com o corpo do estudante a boiar.

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