Sem sabor

Pedi uma sopa, uma salada mista e um sumo. A primeira estava ligeiramente salgada, a segunda não sabia a quase nada: o tomate estava avinagrado e as rodelas de maça e de cenoura sabiam a tudo menos a maça e a cenoura. O sumo, esse, possuía um sabor indecifrável (tinha banana e abacaxi, mas este último devia ser de lata).

 

Comi, saí e entrei no carro, uma estação falava na autorização da União Europeia para a produção de batata e milho transgénicos e na reacção de espanto e de choque por parte dos ecologistas. A história diz-me que a razão tem andado sempre muito mais perto destes do que daquela. Por um sem número de razões, basta que nos lembremos da contaminação genética, do uso excessivo de herbicidas, ou das ameaças à saúde humana.

 

Cheguei a casa, estiquei-me ao comprido e liguei o televisor, coisa que raramente faço, e fiquei a ouvir o Professor Medina Carreira falar dos Partidos Políticos que têm governado o país desde 1974. Não vou descrever o que ouvi, quem quer que me esteja a ler imagina o que foi dito.  

 

Que raça de tempo, pensei, enquanto desligava o televisor e me punha a ler 1919, de John dos Passos, um dos grandes escritores norte-americanos do século passado. Quando me deitei já eu estava mais bem-disposto.

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