O fetiche do dinheiro
Há várias histórias sobre o aparecimento do dinheiro, desconhece-se, contudo, a verdadeira. Uma delas assegura que as primeiras moedas surgiram na Turquia, no século VII a.C., outra defende que foi na antiga Mesopotâmia (actual Iraque), mais ou menos pela mesma altura. Mas há quem faça humor dizendo que o criador do dinheiro era um homem feio, coxo e gordo, que só desta forma conseguiu arranjar uma mulher!
Diz-se que a roda foi a maior invenção da história, mas eu acho que foi o dinheiro. Para o bem e para o mal. Ele é omnipotente, está presente em todo o lado, nada se faz sem a sua intervenção: é ele que promove o desenvolvimento, fazendo criar palácios, arranha-céus, TGVs ou viaturas supersónicas, é ele que interfere no bem-estar, na saúde, na educação, nas viagens que fazemos pelo mundo fora, é ele que cria os ricos e os que ficam ricos sem que ninguém perceba porquê, é ele que está na origem dos escravos dos cifrões – aqueles que têm dificuldade de tirar a carteira do bolso –, é ele o pai dos esbanjadores – os que gastam por eles e pelos outros –, é ele que congemina guerras, que inventa pragas, que semeia a fome, que transforma o mundo num barril de pólvora, que destrói a Terra enquanto envia satélites para conquistar o espaço, numa palavra, é ele o pai das emoções e do prazer, das terríveis angústias e neuroses.
Dito isto, pergunto a mim mesmo o que faço a seguir: pôr o boletim para o Euromilhões desta semana, trabalhar até que os neurónios se gastem ou deitar tudo para trás das costas à espera que o malandro do dinheiro se compadeça de mim?
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