Doía-me a mão
Não escrevia uma linha há largas semanas. Doía-me a mão. Ontem, ao agarrar na caneta dei conta que em pouco espaço se esconde uma onça. Das que predam bezerros e até cavalos. Mordidas de onça deixam marca, deixam pois. Do deserto das minhas memórias limparia algumas, reporia outras, deixaria cair algumas defesas. Trataria de colorir os sonhos agora que a primavera chegou. Poria asas nos braços e barbatanas nos pés. Caiava-me de branco também.
Se o silêncio valesse ouro, como dizem, eu já tinha enriquecido.
Não há sapatos bonitos que não me apertem os pés. Porque será?
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