Comprei
Este fim-de-semana fui às compras. Estive atento à televisão, olhei para os jornais, consultei a Internet, li todos os folhetos (e eram muitos) que me puseram na caixa de correio, para ter uma ideia antes de comprar.
Às dez horas de sábado saí de casa. Bastou-me entrar no centro comercial para me esquecer de tudo, até do café e do semanário que habitualmente compro. Então não é que havia descontos de 50, 60 e de 70%, tudo ali a um pequeno passo?!
Comecei pela moda homem, vi calças de marca de muito bom estilo. Comprei. Olhei para as camisas, para os pólos, para as t-shirts, tudo a menos de metade do preço. Comprei. Agarrei num casaco azul-marinho. Lindo! Olhei para o lado, um carcamano de olhos em bico olhava para o meu casaco. Comprei. Fui à sapataria e não é que encontrei uns sapatinhos finos de camurça que ainda não tinha, por uma autêntica pechincha? Imaginei-os logo no quarto onde tenho quarenta e sete pares de sapatos... Comprei, é claro, não ia perder a oportunidade.
Passei depois na perfumaria do segundo piso, descobri essências que não conhecia, por um preço baixíssimo. Os meus olhos acenderam-se! Comprei.
Fui a correr ao carro levar os sacos, perfumei-me e voltei logo a seguir. Passei na livraria, vi nas prateleiras saldos de CDs, DVDs e jogos electrónicos por preços imbatíveis. Comprei.
Continuei a ver, agora na secção Casa. Descobri uns cortinados azuis, uma colcha cor-de-laranja, uns lençóis brancos com bordados vermelhos, uns apliques fantásticos com total garantia de qualidade. Mas o melhor estava para vir... Do lado sul do centro comercial havia saldos de saldos absolutamente irrecusáveis: comprei uma carteira de pele, um chapéu mexicano por apenas dois euros, uma vassoura multifunções, uns bigodes de pai Natal para usar no fim do ano, umas botas de cobói, uns ténis gregos, um cortas unhas eléctrico, e o direito de poder voltar para a semana com mais dez por cento de desconto.
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