Acupunctura a Portugal

Uma dor no ombro ligeiramente incomodativa, primeiro, uma outra quase incapacitante, depois. A vida ensina-nos que para ficarmos empenados não é preciso muito! Voltando ao meu ombro, pois é dele que falo, comecei a vê-lo enrijecer e a certa altura o danado disse-me mesmo que declararia greve por tempo indeterminado, se eu continuasse horas e horas agarrado ao computador. «Para já, contenta-te com uma tendinite», disse-me, com muito maus modos. Daí à fisioterapia foi um passo, daí à acupunctura foi outro imediatamente a seguir.

E foi a olhar para o tecto com agulhas espetadas da palma da mão à omoplata, que acabei por adormecer e sonhar que Portugal, mesmo ao lado de mim, também fora submetido a uma sessão de acupunctura! E eram tantas as agulhas... Agulhas e agulhas nos Partidos que têm sido poder e que põem o poder à frente da política; agulhas nos Partidos da oposição; agulhas profundas na Educação, na Justiça, na Agricultura que mal se vê, na nossa pobre e moribunda Indústria, nas Pescas, numa boa parte das Autarquias; agulhas na tenebrosa espuma das reformas milionárias. Numa palavra, caixas e caixas de agulhas para tratar de um país em carne viva.

Da próxima vez coloco umas palas nos olhos para não voltar a adormecer!

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